Um bom vinho começa pelo rótulo, que pra mim conta 10% (aroma vale 30% e paladar 60%). O amigo aí de cima, um blend da Laura Hartwig, repete no rótulo a gravura da senhora que confere nome à vinícola, sua fundadora. Esse desenho sugere uma vinícola familiar, mais preocupada com as tradições e os terroirs, do que lucro e venda fácil. Na safra 2009, que provamos, prevaleceu a carmenere (67%). Aromas agradáveis, com frutas vermelhas (predomina cereja) e sugestão de madeira. A cada mexida na taça, novo aroma estimulava a nossa curiosidade. Mas já que vinho é feito para beber, partimos para os trabalhos. Aí é que veio a minha pequena decepção. Esse blend, no paladar, estava comercial demais, com muita necessidade de parecer frutado. Não sou dos tradicionalistas, que curtem apenas os mais elegantes e discretos europeus. Gosto também de vinhos frutados do Novo Mundo. O que não dá são os excessos nitidamente marqueteiros, ainda mais para uma vinícola com esse jeito tão familiar e simpático. Pode ser que eu tenha dado azar, mas o sabor de groselha estava um pouco enjoativo. Apesar dessas minhas ressalvas, bebemos bem esse amigo, apreciando muito mais os deliciosos aromas e o belo rótulo do que o paladar. Infelizmente, é o sabor que conta ao final de tudo. E eu já havia tomado um reserva (não lembro a varietal) dessa vinícola na casa de amigos, meados deste ano, e havia curtido muito. Isso gerou expectativa maior para esse blend gran reserva. Provavelmente, darei uma nova oportunidade, até porque já li vários elogios a respeito.
Aroma - Atraentes sabores exalam da taça a cada balançar. Aparecem cerejas, madeira e especiarias, tudo em perfeita harmonia. É um convite irresistível para iniciarmos os trabalhos e bebermos o vinho que está a nossa frente.
Sabor - O nosso amigo respirou trinta minutos na garrafa antes de ser apreciado. Assim, na boca não se mostrava agressivo. Ao contrário, o dito se comportou bem, havendo bons taninos e acidez equilibrada. Infelizmente, o gosto de groselha se mostrou excessivo, um exagero que a meu ver pode ser comercial, de modo que o vinho atenda bem quem curte o perfil frutado dos chilenos. O problema é que eu aprecio vinho frutado, tal como gosto dos mais comportados da Europa. Apesar disso, não consegui me entusiasmar por esse Gran Reserva. O vinho, ao longo do consumo, se mostrou meio enjoativo, talvez levemente "adocicado". Ainda darei mais uma chance, porém não vou arriscar harmonizar com um jantar. Talvez, numa outra safra, venha a ser o primeiro vinho de uma degustação. Assim, se novamente fizer feio, compensaremos com outros depois. E se fizer bonito, o que espero e torço, comprarei outros.
Vinícola - Laura Hartwing (Vale Colchagua, Chile).
Quanto paguei - R$ 110,42 na Buywine, com desconto por integrar o clube. Aliás, é um absurdo custar R$140,00 na Terramatter, a importadora. Sabemos que os impostos são altos por aqui, porém, quando uma loja on line vende mais barato que a importadora é porque esta está cobrando excessivamente do consumidor final. Como deixo bem claro no meu post, não gosto de pagar mais do que o vinho vale. Bola fora para a Terramatter.
Nota - 7,0.